domingo, 23 de maio de 2010

Nada pessoal!!

Olá queridos amigos!!! Quem me conhece a algum tempo sabe que tenho apreço e sou fã por grandes nomes da MPB, um deles é Ana Carolina. Inclusive no início da minha carreira , cantava músicas dela, e até hoje em alguns lugares onde me apresento me pedem e canto porque gosto muito.
Tive a oportunidade de ver um show dela quando ela estava despontando a dez anos atrás e, ela arrasa!!! Excelente voz, musicista e compositora. Nesse fim de semana fui ver o show que está rodando o Brasil em comemoração aos seus 10 anos de carreira, onde ela cantou e tocou seus sucessos inesquecíveis com toda a platéia cantando junto inclusive eu. Mas o que notei é que ela fez um show burocrático, como falamos na gíria dos músicos, entregou a pizza. Teve alguns pontos altos no show como o momento em que ela tocou pandeiro com a banda inteira tocando junto, quando cantou só de voz e violão e quando cantou "Garganta", sucesso que a apresentou para o Brasil. Infelizmente, do meu ponto de vista, o show em si deixou a desejar, começou com 1 hora e meia de atraso e durou 1hora. Ela parecia cansada, mas mesmo cansada emocionou o público presente que lotou o Studio5.
A questão que me veio à cabeça para compartilhar com vocês, usando como exemplo esse show, é que até que ponto o sonho de se chegar num nível de primeira divisão da MPB, faz com que o artista somente entregue a pizza. Parece meio confuso o que estou relatando, mas, no frigir dos ovos, é uma questão lógico, muito subjetiva, porém que nos faz pensar em todos os grandes artistas que começaram suas carreiras, ou estão começando, e mais que tem como objetivo o reconhecimento dos trabalhos que fazem, e de preferência em nível nacional.
Digo isto como artista que sou e nas minhas mais profundas crises existenciais, me pergunto onde esse mercado no qual estou inserida vai me levar, ou melhor, onde quero estar inserida nesse mercado?
Acredito que todos em qualquer profissão sonham e tem como objetivo subir na vida, ganhar mais dinheiro, para poder curtir mais , viajar, enfim viver melhor. E no cenário artístico isso é condição cinequanon, pois mostramos nossa cara para o público e crítica atrás de uma aprovação. Num primeiro momento queremos a aprovação de que, o que fazemos é bom e num segundo momento se isso é bom temos que convencer os empresários , gravadoras, patrocinadores.E como convencer? que produto eu tenho a não ser cantar... ninguém pensa nisso no começo da carreira, a gente cria os guetos, toca zilhões de horas em zilhões de lugares, cria um público cativo, curte e se diverte e ama o que está fazendo, sem se preocupar em que lugar do cenário artístico está, é tudo feito sem um planejamento, claro, hoje em dia tudo tem planejamento, mas até chegarmos nessa fase é tentar fazer o melhor, pra ver se o seu melhor é o suficiente pra sobreviver, e depois se tiver o fator sorte rola.
Bom , pra concluir, espero, mesmo sabendo que está inerente ao meu processo fazer shows burocráticos e que também me cansem para ganhar o que devo ganhar para ter uma boa vida artística e pessoal, poder entender de fato que ser artista é isso mesmo é esse mar de sobrevivência entre o que queremos, o que sonhamos, o que apresentamos, o que aprendemos e principalmente o que não esquecemos dentro dessa volúpia de coisas globalizadas com total liberdade de comunicação e conseguir alcançar o "sucesso” sem o "suplício" podendo usar isso para criar mais sucessos, mesmo que seja para uma platéia de duas pessoas que te prestigiem num show que você acha que está entregando pizza e tem alguém prestando atenção e no final te pede autógrafo.
Valeu!!!

Um comentário:

heraldo disse...

Concordo totalmente. Poderia ter sido muito melhor. Mas tempo de atraso que de show.